sexta-feira, 6 de março de 2015

TUDO SE CONECTA Provendo oportunidades de conexão em democracia digital

TUDO SE CONECTA
Provendo oportunidades de conexão em democracia digital

Gustavo Warzocha Fernandes Cruvinel

Resumo:
Desenvolver uma plataforma multiobjetivo que atenda ao mesmo tempo cidadãos e parlamentares em seus múltiplos interesses. A fonte de exploração principal são as redes sociais digitais, municiando os partícipes com indicadores inteligentes em tempo real. Dessa forma, poderemos melhorar a conexão da Câmara dos Deputados com a sociedade de maneira sistemática. A plataforma deve se adaptar as “mudanças de ambiente” de forma automática e permitir a melhoria continua da interação Câmara-Sociedade.

1-INTRODUÇÃO
            O objetivo desse artigo é descrever os requisitos do sistema proposto por Cruvinel(2015).
O sistema proposto será composto por 3 módulos: deliberação avaliativa para geração de indicadores em democracia digital, deliberação online legislativa (leis, projetos de lei, parlamentares) e clusterização das discussões em redes sociais digitais. Em relação a deliberação o sistema deverá seguir os requisitos descritos por KLAIN(2007). Durante esse artigo iremos descrever apenas as ideias essenciais da deliberação. A figura 1 ilustra a ideia básica do sistema, ou seja, no campo de deliberação online o sistema deve se conectar as redes sociais digitais e prover interfaces que permitam que outros sistemas se conectem a ele. As conexões não devem ser perenes, ou seja, não devem considerar a migração de cadastros de usuários. Inicialmente o sistema deve prover duas formas de visualização: através de mapa mental e por prioridade, conforme idealizado no projeto Mapa Participativo. No entanto, todas as informações produzidas pelo sistema devem estar disponíveis via serviços no formato de dados abertos. Dessa forma, qualquer aplicação que queira se conectar poderá gerar novas visualizações.





Figura 1 – Formulação do autor
            O trabalho será divido em quatro seções sendo a primeira esta introdução. Nas próximas seções descreveremos os três módulos do sistema.
2-DELIBERAÇÃO AVALIATIVA PARA GERAÇÃO DE INDICADORES EM DEMOCRACIA DIGITAL
            Esse módulo deverá permitir que os usuários criem discussões para fins avaliativos. As avaliações poderão ser criadas sobre qualquer assunto. Considerando as variáveis básicas de uma avaliação dentro do sistema teríamos: tema, discussão, argumentos. O criador da discussão poderia criar um indicador e o resultado da avaliação deveria ser expresso conforme figura 2. A visualização é apenas a proposta inicial da ferramenta, a arquitetura do sistema deverá permitir que outras ferramentas se conectem e gerem outras visualizações.



Figura 2- Adaptado pelo autor
            A figura 3 ilustra um exemplo prático para esse módulo. Uma pessoa cria na sociedade uma avaliação sobre o portal da Câmara dos Deputados. A avaliação recebe a colaboração de 100.000 mil pessoas. A administração da Câmara decide considerar essa colaboração para melhoria do portal e faz uma conexão com a avaliação.



Figura 3 – Adaptada pelo autor

3-DELIBERAÇÃO ONLINE LEGISLATIVA (LEIS, PROJETOS DE LEI, PARLAMENTARES)
            A lógica utilizada nesse módulo para deliberação será a mesma descrita no módulo anterior, a diferença serão algumas restrições em termos de assuntos a serem discutidos.
            Qualquer cidadão poderá iniciar uma discussão considerando os assuntos presentes em Retórica Parlamentar (2015). Nesse caso o sistema irá apresentar as discussões realizadas em todo Brasil da mesma forma que o Retórica apresenta, ou seja, em forma de “bolhas”. Quanto mais uma discussão se torna relevante mais a bolha cresce.
            Um exemplo prático para esse módulo é apresentado na figura 4. Nesse caso seriam criadas discussões sobre a CPI da Petrobrás em todo país. Dessa forma a “bolha CPI” iria crescer e a administração da Casa poderia fazer a conexão com as discussões em andamento.



Figura 4 – Adaptada pelo autor

4-CLUSTERIZAÇÃO DAS DISCUSSÕES EM REDES SOCIAIS DIGITAIS
            O objetivo desse modulo é monitorar de forma automática as discussões que ocorrem nas redes sociais digitais. Serão utilizados algoritmos de data mining para agrupar as discussões por assunto. A forma de visualização também será em “bolhas”, assuntos mais discutidos serão explicitados através de “bolhas” maiores.
            As informações desse módulo serão disponibilizadas de forma a incentivar a criação de discussões nos módulos 1 e 2.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Cruvinel, Gustavo Warzocha Fernandes. CONECTANDO A CÂMARA DOS DEPUTADOS AOS BRASILEIROS: Das diretrizes estratégicas à arquitetura de tecnologia da informação. 2015.
KLAIN, Mark. The MIT Collaboratorium: Enabling Effective Large-Scale Deliberation for Complex Problems. MIT Sloan School of Management. 31/12/2007.

Retórica Parlamentar. http://retorica.labhackercd.net/dashboards/5444f5a84afcc815da3e22f5 . Acesso em 06/03/2015.

quinta-feira, 5 de março de 2015

CONECTANDO A CÂMARA DOS DEPUTADOS AOS BRASILEIROS: Das diretrizes estratégicas à arquitetura de tecnologia da informação

CONECTANDO A CÂMARA DOS DEPUTADOS AOS BRASILEIROS: Das diretrizes estratégicas à arquitetura de tecnologia da informação


Gustavo Warzocha Fernandes Cruvinel¹


RESUMO:
            Analisa os problemas de conexão entre as iniciativas de democracia digital institucionais e as com origem na esfera civil e mostra as inciativas da Câmara dos deputados para melhorar a transparência e a participação popular.

Palavras-chave: transparência, participação popular, democracia digital, planejamento estratégico, indicadores de desempenho.

ABSTRACT:
Analyzes the connection problems between the institutional e-democracy initiatives and originating in the civil sphere and shows the initiatives of the Chamber of Deputies to improve transparency and public participation.


1-INTRODUÇÃO
                A internet não promove automaticamente a participação política. Para atingir esse objetivo é preciso analisar as motivações das pessoas para o uso dela em contextos específicos (MAIA, 2011). Dessa forma, para promover a participação, é preciso criar ferramentas digitais que se integrem a vida diária dos cidadãos e que estejam disponíveis como uma oportunidade de influenciar as decisões políticas no momento em que estes tenham interesse nisso.
            Atualmente existe uma grande quantidade de iniciativas de promover a participação política através do uso de ferramentas digitais. Essas inciativas têm origem tanto na sociedade quanto no estado. O objetivo desse artigo é mostrar as iniciativas existentes e mostrar as iniciativas já existentes na Câmara que podem maximizar as oportunidades de conexão entres as com origem na esfera civil e as de origem estatal. A tentativa é de mostrar como essas ações podem gerar um ciclo virtuoso de participação levando em consideração a sociedade, os parlamentares, e mídia e os projetos de democracia digital.
            Este trabalho está dividido em cinco seções, seguidas de uma conclusão sendo a primeira esta introdução. Na seção 2, faremos um diagnóstico das iniciativas de participação (foco em iniciativas digitais) existentes, tanto institucionais quanto com origem na esfera civil. Nessa seção, também realizaremos uma problematização de como conectar essas iniciativas. No decorrer das outras seções tentaremos mostrar como essas questões estão sendo trabalhadas na casa. Na seção 3, mostraremos um mapa estratégico simplificado que foi derivado do planejamento estratégico da Câmara dos Deputados. O objetivo dessa seção é mostrar, de forma simplificada, as diretrizes adotadas pela câmara no planejamento estratégico e que dimensões podem ser levadas em consideração para que a estratégia em ação seja efetiva. A seção 4 mostrará como a utilização de indicadores de desempenho pode ser utilizada para gerar um ciclo virtuoso de aprimoramento da democracia digital no Brasil. Na seção 5, iremos problematizar a conexão entre iniciativas de democracia digital e sugerir uma arquitetura tecnológica que facilite a conexão entre os diversos projetos existentes. Na última seção, faremos a conclusão e a proposição de trabalhos futuros.

2-ALGUMAS INCIATIVAS DE DEMOCRACIA DIGITAL, COMO CONECTAR?
            A quantidade de projetos de democracia digital tem aumentado de forma exponencial nos últimos anos. Os projetos com origem na esfera civil revelam anseios e demandas da sociedade por oportunidades e participação e influência na tomada de decisão dos parlamentares. Do lado institucional, a tentativa é de captar esses anseios e aumentar a porosidade da interface digital de estado fornecendo oportunidades de conexão.
A figura 1 faz um diagnóstico simplificado das iniciativas existentes e coloca algumas questões que devem ser pensadas para que tenhamos conexão efetiva entre os projetos.

Figura 1 – Formulação do autor
            A figura mostra que iniciativas como o HACKATHON conseguiram estabelecer uma conexão direta entre a Câmara dos Deputados e projetos da esfera civil. Esse evento contou com ampla participação dos parlamentares, da sociedade e cobertura da mídia. Os projetos foram avaliados e os anseios dos seus criadores foram comunicados diretamente aos parlamentares.
            Nas próximas seções mostraremos como a Câmara pretende aumentar as oportunidades de conexão entre os diversos projetos existentes.

2-MAPA ESTRATÉGICO SIMPLIFICADO
            Na figura 2, mostramos um mapa estratégico simplificado. O mapa não tem o objetivo de cobrir todas as dimensões necessárias para que a Câmara cumpra sua missão. Também não é objetivo mostrar todas as inter-relações entre as ações para o cumprimento das metas.
O objetivo do mapa é mostrar que, no planejamento estratégico em organizações públicas, precisamos adequar o modelo do balanced scorecard para que a dimensão “Cidadão e Sociedade” seja o objetivo principal. Detalhes sobre essa adequação podem ser encontradas em (FELIX, 2011). As diretrizes estratégicas dessa dimensão foram retiradas do site da Câmara dos Deputados e podem ser encontradas em (GESTÃO, 2015). Considerando a preocupação relatada em (GUIMARÃES, 2013, p. 317), onde os autores descrevem que a não participação dos parlamentares no estabelecimento dessas diretrizes pode levar as dimensões de “eficácia externa” e “eficácia social externa” a juízo sobre acusação de vício de origem, nesse trabalho vamos nos ater ao mundo restrito da democracia digital e a proposição de indicadores nesse campo irá considerar apenas áreas que já foram ratificadas pelos parlamentares através de lei ou projetos de lei, ou em valores/ferramentas que tenham uso amplamente aceito pelos parlamentares na Câmara.
Dessa forma, para que as diretrizes estratégicas sejam alcançadas, sugerimos aqui a atenção as dimensões de processos internos, relações governamentais, aprendizado e crescimento e orçamentária. Nesse trabalho iremos falar apenas das duas primeiras.

Figura 2 – Formulação do autor

2.1-PROCESSOS INTERNOS
            Nessa dimensão, ressaltamos as seguintes ações como relevantes para atingir objetivos no campo da democracia digital: gestão de informações e pessoas, informações e processo legislativo e eficiência de contratação.
            A Câmara tem feito altos investimentos no aprimoramento da gestão. Em 2012 as diretrizes estratégicas foram alçadas ao nível de Câmara, modelo de ciclo longo (2012-2023) e ciclo curto (bianuais). Nesse ponto, um esforço que está em andamento é o estabelecimento de indicadores e metas. Segundo os criadores do balanced scorecard somente com eles se sai de um planejamento estratégico (estático) e se inicia uma gestão estratégica (dinâmica). A casa tem evoluído muito na gestão por processos (GP). Servidores de diversos órgão já realizam a modelagem e mapeamento de processos de negócio com o objetivo de analisar e melhorar os mesmos. Além disso, foi definido que esse trabalho é um pré-requisito para o desenvolvimento de sistemas de informação da Casa. Aqui, chamamos a atenção para o fato de que a GP se encaixa melhor em ambientes que requeiram tomada de decisão colaborativa, cooperação e inovação. A Câmara possui estrutura burocrática rígida e organizada de forma hierárquica. Dessa forma, é necessário pensar maneiras de se adequar a estrutura administrativa da casa para uma melhor eficiência da GP.
            No que se refere a captação e tratamento de informações a instituição possui uma área de business intelligence própria. Atualmente essa área prove informações gerencias internas e também realiza a extração e tratamento de informações externas. Estas informações são usadas pela consultoria legislativa para auxiliar no processo de formulação das leis.
            Em relação a eficiência de contratação pouca inovação tem sido feita na casa. Os modelos utilizados se mostram ineficientes para contratação em tecnologia da informação. Além disso, ainda não foi dada atenção ao estabelecimento de uma legislação específica para incorporar “crowdsourcing” ao Estado. Essas ações são consideradas importantes principalmente para projetos de democracia digital, nos quais, as principais inovações partem da esfera civil. Em FARIA(2012) podemos verificar preocupações nesse sentido:
"As instituições públicas, por uma série de fatores relacionados às suas estruturas burocráticas – como se pôde observar acima –, não conseguem acompanhar os avanços tecnológicos, principalmente aqueles relativos a instrumentos de interação social digital. Isso afeta a performance das equipes de tecnologia, principalmente quando decidem trabalhar com a perspectiva de desenvolvimento de aplicações, em detrimento da incorporação e customização de tecnologias já desenvolvidas pela iniciativa privada ou por comunidades de software livre."(FARIA, 2012)

2.2-RELAÇÕES GOVERNAMENTAIS
            Nessa dimensão chamamos atenção para a interação com as assembleias legislativas e o intercâmbio com outros parlamentos.
A área de democracia digital é recente e, em geral, os projetos nessa área necessitam de experimentação para verificar a validade e aceitação do desenho institucional pela sociedade. Dessa forma, é importante o fortalecimento do intercâmbio com outros parlamentos, verificando experiências que deram certo e tentando adequar os projetos a realidade brasileira.
A incorporação das tecnologias da informação a vida diária da população é um processo recente. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pouco mais de 50% da população brasileira tem acesso à internet. Por isso, muito ainda precisa ser feito nessa área e a interação com as assembleias legislativas e câmaras municipais parece ser relevante nesse processo.
A figura 3 sugere que essa interação seja feita tanto de maneira “top-down” quanto de maneira “bottom-up”. Na perspectiva “top-down” o foco seria a disseminação de projetos já utilizados no legislativo federal para os níveis estadual e municipal. Como exemplos de iniciativa já existentes nesse sentido podemos citar o INTERLEGIS(2015) e a abertura do código do Portal E-democracia pelo Laboratório Hacker da Câmara dos Deputados.
O INTERLEGIS fornece serviços de solução web de portal, sistema de apoio ao processo legislativo (SAPL), serviço de apoio a atividade parlamentar (SAAP) entre outros. Esses serviços são úteis principalmente para câmaras municipais que não possuem infraestrutura tecnológica e podem auxiliar no atendimento dos requisitos da Lei de Acesso a Informação(2015) de maneira digital.
            Informações sobre a abertura do código do Portal E-democracia podem ser encontradas em (BRANDÃO, 2014). Essa iniciativa é importante para que assembleias legislativas e outros parlamentos tenham a oportunidade de implantar o portal disponibilizado com custos reduzidos.

Figura 3 – Formulação do autor

3-INDICADORES DE DESEMPENHO EM DEMOCRACIA DIGITAL
            O planejamento estratégico da Câmara propõe a ação estratégica 7.8 – Implantar painel de indicadores das ações voltadas à transparência e à participação popular. Nessa seção, iremos propor alguns indicadores nessa linha que acreditamos ser importantes para medir a evolução da democracia digital no Brasil.
            A figura 4 mostra os indicadores escolhidos e as fórmulas utilizadas em cada indicador. Os indicadores escolhidos não pretendem endereçar toda a complexidade de se medir a efetividade das ações em democracia digital existentes. O objetivo da escolha é exemplificar o uso de indicadores e problematizar a questão da extração de informações para eles.
            O indicador 1 tem o objetivo de medir como a lei de acesso a informação tem sido implementada nos municípios e estados.
            O indicador 2 tem o objetivo de medir como a questão dos dados abertos tem sido endereçada por estados e municípios.
            O indicador 3 tem o objetivo de medir se os estados implementam algum tipo de iniciativa de deliberação digital para que os cidadãos possam participar do processo legislativo.

Figura 4 – Formulação do autor
            O caminho geralmente utilizado para a extração de informações para os indicadores é a seleção de fontes de dados em sistemas transacionais que indiquem como estão sendo implantadas as ações relacionadas com cada indicador. Esse caminho apresenta diversos problemas, principalmente no campo da democracia digital, e, entre eles, podemos citar: tempo muito longo para a seleção das fontes, não existe garantia de que essas fontes estarão sempre atualizadas, a mudança na importância de certas dimensões demora a ser refletida no indicador e cada estado/município possui suas particularidades e prioridades. O que pode ser bom e importante para a população de um estado pode ser irrelevante para a população de outro estado. Dessa forma, a tarefa de fazer uma avaliação qualitativa das inciativas de democracia digital seguindo essa metodologia fica bastante complexa e sujeita a erros.
            Para resolver os problemas relatados sugerimos a adaptação do projeto Mapa Participativo, do laboratório hacker da câmara dos deputados, para a geração de indicadores de desempenho. Informações detalhadas sobre o projeto podem ser encontradas em (Mapa Participativo, 2015). O sistema deveria seguir a lógica das redes sociais digitais e permitir que a população de cada estado/município avalie a conformidade dos indicadores e que essa avaliação apareça de forma simples para que população, servidores públicos e parlamentares possam entender os problemas e melhorar os serviços disponíveis. Uma descrição completa dessa adaptação não é escopo desse artigo mas em linhas gerais a ferramenta deveria permitir que as pessoas avaliem de forma qualitativa os assuntos relacionados com os indicadores escolhidos podendo entre outras ações, inserir discussões sobre determinado tema, inserir argumentos (crítica, elogio ou neutro) dentro das discussões, cada argumento pode receber apoio ou discordância de outras pessoas (similar ao curtir do Facebook). Internamente essas ações seriam processadas seguindo uma lógica pré-definida e o resultado seria mostrado de forma simples para os envolvidos. A lógica utilizada deve ser de fácil entendimento para todos os interessados. Nesse caso resolveríamos os problemas relatados acima e teríamos os indicadores sempre atualizados uma vez que a medida que os serviços digitais fossem ficando desatualizados as pessoas poderiam inserir críticas que fariam com que o indicador saísse de um estado considerado bom para um estado ruim. Um sistema como esse, também poderia ser utilizado para usos mais específicos, como por exemplo, a avaliação, pela sociedade, do Portal Institucional da Câmara dos Deputados. Esse portal já foi avaliado por diversas instituições como um dos mais transparentes do mundo. Mas será que a sociedade também vê assim? Será que as instituições avaliadoras conseguiram captar todos os anseios e valores que a sociedade considera importantes em um portal como esse?
            A figura 5 mostra um exemplo de visualização de indicadores amplamente utilizado. Os painéis poderiam ser ajustados de maneira hierárquica de modo que os interessados se aprofundassem nos motivos do estado atual do indicador de acordo com seus interesses. Os indicadores poderiam ser avaliados por sociedade, mídia e parlamentares.

Figura 5 – Adaptada pelo autor
            Na próxima seção falaremos um pouco sobre que tipo de arquitetura tecnológica poderia facilitar a conexão entre aplicações de democracia digital.

4-A CONEXÃO ENTRE INICIATIVAS DE DEMOCRACIA DIGITAL E A ARQUITETURA TECNOLOGICA
            O ambiente descrito na figura 1 mostra uma grande quantidade de sistemas, desenvolvidos em diversas localidades e com tecnologias heterogêneas. Podemos realizar a integração desses sistemas utilizando uma arquitetura orientada a serviços (SOA, do inglês Service-oriented Architecture). Segundo Silva(2007) as principais vantagens do SOA são: reuso, baixo acoplamento, autonomia, abstração, contrato de serviços e inexistência de estados.
             Essa arquitetura também pode ser de grande utilidade para a integração de sistemas internos na Câmara e ajudaria  resolver problemas como os relatados em FARIA(2012) onde o autor mostra a falta de conexão entre a interface digital das ferramentas existentes e o processo legislativo real. Esses problemas poderiam ser minimizados se o sistema de tramitação de proposições da casa fosse concebido com a arquitetura SOA. Além disso, isso facilitaria a disponibilização das informações legislativas em um formato de dados abertos que seguisse a lógica do processo legislativo.
            Na Câmara, podemos citar dois exemplos de projetos com arquitetura orientada a serviços. Do lado administrativo temos o INFOLEG-Parlamentar e do lado da democracia digital temos o Mapa Participativo.
            O projeto INFOLEG-Parlamentar tem o objetivo de integrar todas as informações funcionais dos parlamentares na Câmara dos Deputados. As funções incluem posse, movimentação no cargo, filiação partidária, blocos parlamentares entre outras. A arquitetura orientada a serviços permitirá que parte desses serviços seja disponibilizada para uso da sociedade.
            O projeto Mapa Participativo utiliza a ferramenta de tomada de decisão coletiva chamada Loomio. Essa ferramenta é totalmente orientada a serviços e permite, por exemplo, que novas visualizações de discussões sejam geradas através da orquestração de serviços já existentes que retornam as informações em formato de dados abertos.

5-CONCLUSÃO E TRABALHOS FUTUROS
            A Câmara dos Deputados possui um plano ousado para aumentar a transparência e promover a participação popular no processo legislativo. As iniciativas foram estrategicamente planejadas e o atual momento é de definição de programas, indicadores e metas que possam colocar a estratégia em ação de uma forma sistemática.
            O estudo revelou a importância do investimento em ações que permitam captar os anseios da população de forma a direcionar os esforços da administração da casa no cumprimento de sua missão.
            Os próximos estudos serão no campo de deliberação online com objetivo de fornecer subsídios para o projeto de adaptação do Mapa Participativo para geração de indicadores de desempenho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS A, BERNARDES C, RODRIGUES M. Comunicação pública, participação social e representação política: a experiência recente da Câmara dos Deputados, 2012.
CONECTANDO A CÂMARA AOS BRASILEIROS, Plano Estratégico de Tecnologia da Informação e Comunicação. http://goo.gl/xY6Rgh. Acesso em 04/03/2015.
FARIA, Cristiano Ferri. O parlamento aberto na era da internet. Pode o povo colaborar com o Legislativo na elaboração das leis. Biblioteca Digital Câmara. Câmara dos Deputados, 2012. 
FELIX, Roselito et. al. Balanced Scorecard: adequação para gestão estratégica nas organizações públicas. In: Revista do Serviço Público, ENAP, 2011.
INTERLEGIS, O legislativo moderno e integrado. http://www.interlegis.leg.br/produtos_servicos. Acesso em 04/03/2015.
GESTÃO, Gestão Estratégica na Câmara dos Deputados. http://www2.camara.leg.br/a-camara/gestao-na-camara-dos-deputados/diretrizes-estrategicas-2012-2023. Acesso em 04/03/2015.
GUIMARÃES A, SCHUWARTZ F, SOUZA J, MELO M. Administração pública legislativa: gestão estratégica. In: O processo legislativo, o orçamento público e a casa legislativa, 2013, p. 289 – 324.
BRANDÃO,Walternor. Portal E-democracia. http://blog.labhackercd.net/2014/12/18/labhacker-abre-codigo-do-portal-e-democracia. (18/12/2014).
MAIA, Rousilei Celi Moreira. Internet e Esfera Civil: Limites e alcances da participação política. In: Internet e Participação Política no Brasil, 2011, p. 47 – 91.
SAMPAIO, Rafael Cardoso. ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS DIGITAIS: um mapeamento mundial das experiências já realizadas e suas contribuições para e-participação e e-democracia.
SILVA, Leo Moreira. Aplicando composição e orquestração de serviços na organização de sistemas. Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte (CEFET-RN). 2007.

SILVA, Maria Paula Almada e. PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E TRANSPARÊNCIA ONLINE: UM PANORAMA SOBRE A DEMOCRACIA DIGITAL NO BRASIL A PARTIR DE INICIATIVAS DA SOCIEDADE CIVIL. Programa de Pós-Graduação e cultura contemporânea. Faculdade de Comunicação. Universidade Federal da Bahia.