segunda-feira, 27 de outubro de 2014

CONECTANDO O PORTAL E-DEMOCRACIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS A OUTRAS MÍDIAS DIGITAIS E ESTABELECENDO UM PROCESSO INTEGRADO DE COMUNICAÇÃO POLÍTICA



CONECTANDO O PORTAL E-DEMOCRACIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS A OUTRAS MÍDIAS DIGITAIS E ESTABELECENDO UM PROCESSO INTEGRADO DE COMUNICAÇÃO POLÍTICA

Gustavo Warzocha Fernandes Cruvinel

1. INTRODUÇÃO
            A internet não promove automaticamente a participação política. Para atingir esse objetivo é preciso analisar as motivações das pessoas para o uso dela em contextos específicos (MAIA, 2011). Dessa forma, para promover a participação, é preciso criar ferramentas digitais que se integrem a vida diária dos cidadãos e que estejam disponíveis como uma oportunidade de influenciar as decisões políticas no momento em que estes tenham interesse nisso.
            O portal E-democracia da Câmara dos Deputados fornece um espaço para debates sobre projetos de lei em tramitação. O presente projeto pretende propor formas de conectar o portal as redes sociais digitais (LinkedIn, Twitter e Facebook) e ao e-mail. Tudo isso deverá estar integrado ao processo legislativo da Câmara e fará parte de um processo integrado de comunicação política (PICP).
            A integração será realizada com ferramentas gratuitas e aplication programming interfaces (APIs) disponibilizadas pelas redes sociais em questão.
            Na próxima seção descreveremos o funcionamento do projeto. Na seção 3 iremos propor um cronograma aproximado e os recursos necessários para a implementação da solução.
            Segundo MARQUES (2011, p.116) é importante perceber o cidadão como um parceiro e, além de dar oportunidades de expressão e discussão, é necessário demonstrar seriedade na consideração das discussões encaminhadas. Pensando nisso, propomos na seção 4 um framework de visualização e feedback. O objetivo do framework é armazenar todo comportamento político do cidadão. Essas informações serão utilizadas para demonstrar todas as suas interações no PICP e os resultados dessa interação com todos os outros envolvidos no processo (cidadãos, câmara, processo legislativo, parlamentares etc).
            Na seção 5 descreveremos como a utilização conjunta de técnicas de mineração e visualização de dados podem auxiliar na tomada de decisão governamental. As técnicas serão aplicadas nas informações armazenadas em todo PICP.
            Na conclusão o projeto é analisado de acordo com os requisitos democráticos que devem ser cumpridos pela interface digital propostos por SILVA (2011). Segundo o autor a interface digital deve prover publicidade (Estado transparente ao cidadão), responsividade (tornar o estado mais dialógico) e porosidade (tornar o estado mais aberto a opinião pública). Além disso também ressaltamos as limitações do projeto e possíveis melhorias.

2. FUNCIONAMENTO DO PROJETO
            O funcionamento do projeto está exemplificado na figura 1.

Figura 1 – Formulação do autor
            O LinkedIn é uma rede social que trabalha com informações profissionais das pessoas. A ideia da rede é fazer a conexão entre pessoas, interesses profissionais e empresas. Nesse projeto, desenvolveremos uma ferramenta de busca que permita encontrar possíveis interessados em contribuir com projetos de lei que tenham influência em sua área de atuação profissional. As tarefas para desenvolvimento da ferramenta serão: levantamento dos requisitos da busca (profissão, região, empresa etc), implementação da solução com utilização da API fornecida pelo LinkedIn, integração ao portal.
            O Twitter é uma rede social que favorece o fluxo de ideias. Iremos monitorar as referências nessa rede aos projetos de lei cadastrados no portal. O monitoramento será realizado com palavras chave em relação ao projeto e aos parlamentares envolvidos. Com isso poderemos identificar a rede de ideias em torno do projeto e direcionar os participantes dessa rede para o debate no Portal. As tarefas para esse monitoramento serão: levantamento dos requisitos do monitoramento, definição de termos de busca por projetos, desenvolvimento da ferramenta de monitoramento com utilização da API fornecida pelo Twitter, integração ao Portal.
            O Facebook é uma rede social que favorece a conexão entre pessoas. Iremos monitorar essa rede identificando possíveis apontadores e autoridades em relação a projetos cadastrados no Portal E-democracia. Apontadores são “nós” na rede que fazem referência a vários outros “nós”. Autoridades são “nós” que são referenciados por vários outros “nós”. As tarefas aqui serão as mesmas definidas para o Twitter com a utilização da API do Facebook.
            O E-mail é a ferramenta mais utilizada de comunicação na internet. No entanto, ele não permite o debate e a contraposição de ideias. Dessa forma, pretendemos utilizar formas automáticas de direcionamento dos usuários dessa ferramenta para fóruns adequados de discussão onde suas dúvidas possam ser esclarecidas e debatidas. O processo será realizado da seguinte forma. A Câmara recebe e-mails com dúvidas sobre determinado assunto. Uma ferramenta identifica automaticamente o assunto, utilizando processamento de linguagem natural e ontologias previamente cadastradas, e direciona o usuário para o fórum adequado de discussão se este existir. Caso não exista nenhum fórum de debates, o usuário receberá um link com informações sobre o projeto de lei de interesse (Parlamentar relator do projeto, tramitação do projeto, pareceres etc). Além disso, o usuário receberá formas de contato com parlamentares e demais cidadãos interessados no mesmo assunto. Deverá ser permitido ao usuário o feedback sobre a resposta automática recebida. Esse feedback será utilizado no mecanismo de inteligência artificial para que o sistema possa aprender com os erros e melhorar o direcionamento dos usuários.
            Todas as integrações e interações com portal deverão prever forma de armazenamento de informações. Essas informações serão utilizadas posteriormente com algoritmos de mineração de dados para se estabelecer padrões de “sucesso” na participação dos cidadãos no portal e-democracia e no processo deliberativo. Os padrões descobertos serão utilizados nos mecanismos de inteligência artificial para a seleção de perfis mais adequados a contribuição em determinados temas.
3. CRONOGRAMA APROXIMADO E RECURSOS NECESSÁRIOS
              A figura 2 mostra o cronograma aproximado para implementa da solução em fases.

Figura 2- Formulação do autor
             A figura 3 mostra os recursos humanos (perfis) necessários para execução do projeto.

Figura 3- Formulação do autor
4. FRAMEWORK DE VISUALIZAÇÃO E FEEDBACK
             O objetivo do framework de visualização e feedback (FVF) é mostrar para o cidadão onde suas interações estão inseridas no PICP e os resultados, ou possíveis resultados dessa interação. A ideia é que ele possa aprender como todo processo funciona e, com isso, conseguir cada vez melhores resultados.
             A figura 4 demonstra, em linhas gerais, as atividades necessárias para o desenvolvimento do framework.

Figura 4 – Formulação do autor
             Na figura 5 mostramos os recursos necessários.

Figura 5 – Formulação do autor
5. VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES SUPORTANDO MINERAÇÃO DE DADOS
             O trabalho de JÚNIOR (2013) propõe um framework de visualização de informações suportando data mining. Segundo ele:
A utilização de meios visuais para exploração de dados é um meio poderosíssimo de se promover a descoberta de conhecimento. Isto se deve à combinação do enorme poder de processamento de computadores atuais com a habilidade nata do cérebro humano em compreender e absorver a informação visual. O sistema de visão humano consegue, de maneira eficiente, destacar padrões e aspectos interessantes em cenas gráficas bem elaboradas derivadas de conjuntos de valores (Rao and Card 1994), ao passo que o computador é capaz de processar milhões de dados por segundo. Nesta abordagem, o homem e o computador amenizam mutuamente suas deficiências: a incapacidade de processar grandes volumes de dados e a incapacidade de analisar habilmente informações visuais, respectivamente. Juntos, portanto, compreendem um robusto mecanismo de investigação. JÚNIOR(2013)
             A figura 6, ilustra em linhas gerais as atividades necessárias para construção de um framework de visualização de informações suportando mineração de dados. O objetivo é utilizar esse framework para mostrar padrões relevantes de comportamento político extraídos das informações armazenadas no PICP.

Figura 6 – Formulação do autor
             A figura 7 ilustra os recursos necessários para elaboração do framework.

Figura 7 – Formulação do autor
6. CONCLUSÃO
             O presente projeto propôs um processo integrado de comunicação política que pretende atender aos requisitos de publicidade, responsividade e porosidade para uma interface digital de Estado. Nesse processo o cidadão deve ser integrado naturalmente ao processo de comunicação política. Da mesma forma, o Estado e mais especificamente o processo legislativo da câmara dos deputados, também deve receber naturalmente as contribuições da sociedade. A ideia é estabelecer interfaces de comunicação que integrem estruturas já existentes de modo que todo processo funcione com uma infraestrutura administrativa mínima através do aprendizado e resolução de problemas pelos próprios atores envolvidos.
             O projeto pode ser construído em módulos e o cronograma proposto é apenas aproximado. Todos os módulos podem ser desenvolvidos com ferramentas de software livre. Uma especificação dessas ferramentas e as formas de desenvolvimento de cada módulo serão realizados em trabalhos futuros.
             Esperamos que o projeto contribua com a diretriz estratégica de interação do mapa corporativo da câmara dos deputados em sua linha de atuação para aperfeiçoar os meios para que os cidadãos possam interagir com a Câmara dos Deputados. CÂMARA (2014).
 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JÚNIOR, José Fernando Rodrigues. Desenvolvimento de um Framework para Análise Visual de Informações Suportando Data Mining. Dissertação de mestrado. USP, São Carlos, junho de 2013.
MAIA, Rousilei Celi Moreira. Internet e Esfera Civil: Limites e alcances da participação política. In: Internet e Participação Política no Brasil, 2011, p. 47 – 91.
MARQUES, Franscisco Paulo Jamil Marques. Internet e Esfera Civil: Participação, instituições políticas e internet: Um exame dos canais participativos presentes nos Portais da Câmara e da Presidência do Brasil. In: Internet e Participação Política no Brasil, 2011, p. 95 – 121.
SILVA, Sivaldo Pereira da. Exigências democráticas e dimensões analíticas para a interface digital do Estado. In: Internet e Participação Política no Brasil, 2011, p. 123 – 146. 
CÂMARA, Portal da. Gestão Estratégica da Câmara dos Deputados. In: http://migre.me/mytWD. Acesso em 29/10/2014.