CONECTANDO O PORTAL E-DEMOCRACIA DA
CÂMARA DOS DEPUTADOS A OUTRAS MÍDIAS DIGITAIS E ESTABELECENDO UM PROCESSO
INTEGRADO DE COMUNICAÇÃO POLÍTICA
Gustavo Warzocha
Fernandes Cruvinel
1.
INTRODUÇÃO
A internet não promove
automaticamente a participação política. Para atingir esse objetivo é preciso
analisar as motivações das pessoas para o uso dela em contextos específicos
(MAIA, 2011). Dessa forma, para promover a participação, é preciso criar
ferramentas digitais que se integrem a vida diária dos cidadãos e que estejam
disponíveis como uma oportunidade de influenciar as decisões políticas no
momento em que estes tenham interesse nisso.
O portal E-democracia da Câmara dos
Deputados fornece um espaço para debates sobre projetos de lei em tramitação. O
presente projeto pretende propor formas de conectar o portal as redes sociais
digitais (LinkedIn, Twitter e Facebook) e ao e-mail. Tudo isso deverá estar
integrado ao processo legislativo da Câmara e fará parte de um processo
integrado de comunicação política (PICP).
A integração será realizada com
ferramentas gratuitas e aplication programming interfaces (APIs)
disponibilizadas pelas redes sociais em questão.
Na próxima seção descreveremos o
funcionamento do projeto. Na seção 3 iremos propor um cronograma aproximado e
os recursos necessários para a implementação da solução.
Segundo MARQUES (2011, p.116) é
importante perceber o cidadão como um parceiro e, além de dar oportunidades de
expressão e discussão, é necessário demonstrar seriedade na consideração das
discussões encaminhadas. Pensando nisso, propomos na seção 4 um framework de
visualização e feedback. O objetivo do framework é armazenar todo comportamento
político do cidadão. Essas informações serão utilizadas para demonstrar todas
as suas interações no PICP e os resultados dessa interação com todos os outros
envolvidos no processo (cidadãos, câmara, processo legislativo, parlamentares
etc).
Na seção 5 descreveremos como a
utilização conjunta de técnicas de mineração e visualização de dados podem auxiliar
na tomada de decisão governamental. As técnicas serão aplicadas nas informações
armazenadas em todo PICP.
Na conclusão o projeto é analisado
de acordo com os requisitos democráticos que devem ser cumpridos pela interface
digital propostos por SILVA (2011). Segundo o autor a interface digital deve
prover publicidade (Estado transparente ao cidadão), responsividade (tornar o
estado mais dialógico) e porosidade (tornar o estado mais aberto a opinião
pública). Além disso também ressaltamos as limitações do projeto e possíveis
melhorias.
2. FUNCIONAMENTO DO PROJETO
O funcionamento do projeto está exemplificado na figura
1.
Figura
1 – Formulação do autor
O LinkedIn é uma rede social que
trabalha com informações profissionais das pessoas. A ideia da rede é fazer a
conexão entre pessoas, interesses profissionais e empresas. Nesse projeto,
desenvolveremos uma ferramenta de busca que permita encontrar possíveis
interessados em contribuir com projetos de lei que tenham influência em sua
área de atuação profissional. As tarefas para desenvolvimento da ferramenta
serão: levantamento dos requisitos da busca (profissão, região, empresa etc),
implementação da solução com utilização da API fornecida pelo LinkedIn,
integração ao portal.
O Twitter é uma rede social que
favorece o fluxo de ideias. Iremos monitorar as referências nessa rede aos
projetos de lei cadastrados no portal. O monitoramento será realizado com
palavras chave em relação ao projeto e aos parlamentares envolvidos. Com isso
poderemos identificar a rede de ideias em torno do projeto e direcionar os
participantes dessa rede para o debate no Portal. As tarefas para esse
monitoramento serão: levantamento dos requisitos do monitoramento, definição de
termos de busca por projetos, desenvolvimento da ferramenta de monitoramento
com utilização da API fornecida pelo Twitter, integração ao Portal.
O Facebook é uma rede social que
favorece a conexão entre pessoas. Iremos monitorar essa rede identificando
possíveis apontadores e autoridades em relação a projetos cadastrados no Portal
E-democracia. Apontadores são “nós” na rede que fazem referência a vários outros
“nós”. Autoridades são “nós” que são referenciados por vários outros “nós”. As
tarefas aqui serão as mesmas definidas para o Twitter com a utilização da API
do Facebook.
O E-mail é a ferramenta mais
utilizada de comunicação na internet. No entanto, ele não permite o debate e a
contraposição de ideias. Dessa forma, pretendemos utilizar formas automáticas
de direcionamento dos usuários dessa ferramenta para fóruns adequados de
discussão onde suas dúvidas possam ser esclarecidas e debatidas. O processo será
realizado da seguinte forma. A Câmara recebe e-mails com dúvidas sobre
determinado assunto. Uma ferramenta identifica automaticamente o assunto,
utilizando processamento de linguagem natural e ontologias previamente
cadastradas, e direciona o usuário para o fórum adequado de discussão se este
existir. Caso não exista nenhum fórum de debates, o usuário receberá um link
com informações sobre o projeto de lei de interesse (Parlamentar relator do
projeto, tramitação do projeto, pareceres etc). Além disso, o usuário receberá
formas de contato com parlamentares e demais cidadãos interessados no mesmo
assunto. Deverá ser permitido ao usuário o feedback sobre a resposta automática
recebida. Esse feedback será utilizado no mecanismo de inteligência artificial
para que o sistema possa aprender com os erros e melhorar o direcionamento dos
usuários.
Todas as integrações e interações
com portal deverão prever forma de armazenamento de informações. Essas
informações serão utilizadas posteriormente com algoritmos de mineração de
dados para se estabelecer padrões de “sucesso” na participação dos cidadãos no
portal e-democracia e no processo deliberativo. Os padrões descobertos serão
utilizados nos mecanismos de inteligência artificial para a seleção de perfis
mais adequados a contribuição em determinados temas.
3. CRONOGRAMA APROXIMADO E RECURSOS
NECESSÁRIOS
A figura 2 mostra o cronograma
aproximado para implementa da solução em fases.
Figura 2- Formulação do autor
A figura 3 mostra os recursos
humanos (perfis) necessários para execução do projeto.
Figura 3- Formulação do autor
4. FRAMEWORK DE VISUALIZAÇÃO E
FEEDBACK
O objetivo do framework de
visualização e feedback (FVF) é mostrar para o cidadão onde suas interações
estão inseridas no PICP e os resultados, ou possíveis resultados dessa
interação. A ideia é que ele possa aprender como todo processo funciona e, com
isso, conseguir cada vez melhores resultados.
A figura 4 demonstra, em linhas
gerais, as atividades necessárias para o desenvolvimento do framework.
Figura 4 – Formulação do autor
Na figura 5 mostramos os recursos
necessários.
Figura 5 – Formulação do autor
5. VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES
SUPORTANDO MINERAÇÃO DE DADOS
O trabalho de JÚNIOR (2013) propõe
um framework de visualização de informações suportando data mining. Segundo
ele:
A utilização de meios visuais para
exploração de dados é um meio poderosíssimo de se promover a descoberta de
conhecimento. Isto se deve à combinação do enorme poder de processamento de
computadores atuais com a habilidade nata do cérebro humano em compreender e
absorver a informação visual. O sistema de visão humano consegue, de maneira
eficiente, destacar padrões e aspectos interessantes em cenas gráficas bem
elaboradas derivadas de conjuntos de valores (Rao and Card 1994), ao passo que
o computador é capaz de processar milhões de dados por segundo. Nesta
abordagem, o homem e o computador amenizam mutuamente suas deficiências: a
incapacidade de processar grandes volumes de dados e a incapacidade de analisar
habilmente informações visuais, respectivamente. Juntos, portanto, compreendem
um robusto mecanismo de investigação. JÚNIOR(2013)
A figura 6, ilustra em linhas
gerais as atividades necessárias para construção de um framework de
visualização de informações suportando mineração de dados. O objetivo é
utilizar esse framework para mostrar padrões relevantes de comportamento
político extraídos das informações armazenadas no PICP.
Figura 6 – Formulação do autor
A figura 7 ilustra os recursos
necessários para elaboração do framework.
Figura 7 – Formulação do autor
6. CONCLUSÃO
O presente projeto propôs um
processo integrado de comunicação política que pretende atender aos requisitos
de publicidade, responsividade e porosidade para uma interface digital de
Estado. Nesse processo o cidadão deve ser integrado naturalmente ao processo de
comunicação política. Da mesma forma, o Estado e mais especificamente o
processo legislativo da câmara dos deputados, também deve receber naturalmente
as contribuições da sociedade. A ideia é estabelecer interfaces de comunicação
que integrem estruturas já existentes de modo que todo processo funcione com
uma infraestrutura administrativa mínima através do aprendizado e resolução de
problemas pelos próprios atores envolvidos.
O projeto pode ser construído em
módulos e o cronograma proposto é apenas aproximado. Todos os módulos podem ser
desenvolvidos com ferramentas de software livre. Uma especificação dessas
ferramentas e as formas de desenvolvimento de cada módulo serão realizados em
trabalhos futuros.
Esperamos que o projeto contribua com a diretriz estratégica de interação do mapa corporativo da câmara dos deputados em sua linha de atuação para aperfeiçoar os meios para que os cidadãos possam interagir com a Câmara dos Deputados. CÂMARA (2014).
Esperamos que o projeto contribua com a diretriz estratégica de interação do mapa corporativo da câmara dos deputados em sua linha de atuação para aperfeiçoar os meios para que os cidadãos possam interagir com a Câmara dos Deputados. CÂMARA (2014).
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
JÚNIOR, José Fernando
Rodrigues. Desenvolvimento de um Framework para Análise Visual de Informações
Suportando Data Mining. Dissertação de mestrado. USP, São Carlos, junho de
2013.
MAIA, Rousilei Celi
Moreira. Internet e Esfera Civil: Limites e alcances da participação política.
In: Internet e Participação Política no Brasil, 2011, p. 47 – 91.
MARQUES, Franscisco Paulo
Jamil Marques. Internet e Esfera Civil: Participação, instituições políticas e
internet: Um exame dos canais participativos presentes nos Portais da Câmara e
da Presidência do Brasil. In: Internet e Participação Política no Brasil, 2011,
p. 95 – 121.
SILVA, Sivaldo Pereira
da. Exigências democráticas e dimensões analíticas para a interface digital do
Estado. In: Internet e Participação Política no Brasil, 2011, p. 123 – 146.
CÂMARA, Portal da. Gestão Estratégica da Câmara dos Deputados. In: http://migre.me/mytWD. Acesso em 29/10/2014.
CÂMARA, Portal da. Gestão Estratégica da Câmara dos Deputados. In: http://migre.me/mytWD. Acesso em 29/10/2014.